domingo, 24 de agosto de 2014

Foi assim como ver o mar.


                          Hoje andando na praia, fiquei me lembrando se tinha alguma memória da primeira vez que vi o mar e... Nada. Acho que era muito pequena mesmo a ponto de não recordar.
As mais remotas memórias desses momentos são muito boas e sempre em família. Tirando a vez que meu irmão se perdeu, nos dando o maior trabalho e tensão para reencontrá-lo.
Quando se dizia lá em casa que iríamos para praia, era a maior alegria do mundo.
Praia de água salgada ou doce - como as de rio - tanto faz. Eu participava veemente disso.
Lembro bem da minha avó comigo, nas viagens que fiz com ela para Santarém, naquele calorão de rachar a cuca e evaporar as ideias. E a gente lá, se banhando nas praias de rio, num cais perto da casa da minha tia que morava lá. Naquela época dava mesmo para tomar banho, hoje em dia, parece que não...

Em Alter do Chão é que foram as melhores lembranças. Seja o rio cheio ou seco. A Pérola do Tapajós não me sai do pensamento.Como da vez que cortei meu pé não sei onde e caí no berreiro enorme por ver o sangue. Logo em seguida me aparecem uns turistas estrangeiros que colocaram um pouco do uísque caro que tomavam em cima para "desinfetar" o corte. Diz minha tia, logo me calei depois dessa. Acabei com os goles dos solícitos gringos.

Mas, há algo que faço até hoje nas praias (de água salgada) é catar as conchinhas. Já é automático andar ao longo dela e conferir o que as ondas trouxeram à beira. Sinceramente, é o melhor momento, para mim, quando assim me encontro lá. Chega a ser terapêutico. Coisas que a D. Lourdes me ensinou, pois assim fazíamos nas idas à Crispim ou Ajuruteua.
Quando a maré não era gentil e não dava muitas conchas, ela bem dizia: "tá pobre de búzios hoje". Ficava decepcionada. Fico também quando não as encontro, como gostaria. 
Quem foi meu aluno sabe que adoro dar de lembrança um punhado delas. Dizia que era para recordarem de mim. E não é que soube que alguns deles ainda as têm guardadas? Permitam-me me sentir boba nessa hora. As praias baianas estão agradando muito minha doce mania.
Em minha casa, tenho uma caixinha com algumas delas que já têm destino certo: as mãos daquela que me passou esse simples e lindo hábito de catar conchinhas e aproveitar as belezas do mar.
E quantas lembranças nos traz o mar....








3 comentários:

  1. era um antigo sonho meu, poder sentar e apreciar o mar, sem pressa, assistir a beleza das ondas e respirar a paz que vem no vento, num dia calmo e ensolarado. Agora antigas lembranças são fontes de sorrisos e pontes para novas histórias à beira da praia, no igarapé... em família. Muito bacana! Parabéns!

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  2. Que lindo texto tia, me remeteu logo a um poema do Fernando Pessoa que fala sobre o mar e Portugal. Boas lembranças que carrego...

    Ó mar salgado, quanto do teu sal
    São lágrimas de Portugal!
    Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
    Quantos filhos em vão rezaram!

    Quantas noivas ficaram por casar
    Para que fosses nosso, ó mar!
    Valeu a pena? Tudo vale a pena
    Se a alma não é pequena.

    Quem quere passar além do Bojador
    Tem que passar além da dor.
    Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
    Mas nele é que espelhou o céu.

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  3. Meu muito obrigada por deixarem suas impressões e sensações sobre o texto.
    Agradeço, de verdade.

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