sábado, 1 de abril de 2017

Precisamos falar sobre a hashtag

           Com o advento da internet, uma das inúmeras possibilidades, foi o encurtamento das distâncias, trazendo relacionamento de campo virtual, por meio das redes sociais, se comunicando com qualquer pessoa no mundo...

          As redes sociais abriram a porta pra uma nova vertente: a da superexposição. Mexendo com um lado, aparentemente, adormecido. Narcisista. Virou uma espécie de necessidade que acaba se tornando, muitas vezes, uma realidade expositiva perigosa. Além de ser uma enxurrada de situações de vergonha alheia.

          Ok, "a conta é sua e você posta o que quiser", mas será mesmo que somos obrigados a ver tantas fotos, desabafos contínuos e hashtags? É tanta gente vivendo #gratidão, sonhos todos realizados, felicidade plena e sabedoria adquirida para quem a quiser, por quem diz agora a deter. Tem que ter bastante tag, senão você não saberá se expressar seu momento vivido naquela hora. Não esquecer de encharcar de emojis também.
           Totalmente discrepante com a realidade. Oh, sim, porque no mundo virtual das redes sociais, o mar é de rosas, céu de brigadeiro e nuvens de algodão. Ambiente perfeito para dizer que sua vida é o máximo dos máximos. Maquiar uma vida vazia e sem graça.

            A busca é incessante por likes, fotos que de e
spontâneas nada tem, cheias de tantas #hashtags que mal dá pra ler até o final porque você já ficou tonto. É o que a autora Lara Brenner, explica sabiamente: " É provável que, em grande parte dos casos, a carência por curtidas e comentários espelhe aquela afetiva e dolorosa, uma autoestima arranhada, ou uma profunda necessidade de aceitação". 

            Autoafirmação a qualquer custo, a minha suposta felicidade tem que ser declarada. Disfarçar aquela desilusão na vida, com sorrisos artificiais e as frases de efeito que não podem faltar, roubadas, mas que te dão o ar de cult, cool, antenado, etc.
            Não entendam mal, não estou dizendo que não devamos postar foto ou falar algo que julgamos importante, mas sim a overdose destas. Nem querendo ser a voz da verdade. Contudo há de se desconfiar de quem é feliz demais nas redes sociais. Felicidade, reflexões e momentos pessoais não precisam ser expostas com a constância que se vê. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, já dizia minha vó.
            Os melhores momentos, sensações, conversas, risadas que vivemos e guardamos em nossas lembranças não clicados por recurso algum. Elas nos fazem bem porque  são tão-somente nossas e particulares. Nos arrancam sorrisos e alimentam nossa alma.