sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Três anos de Roma Negra


               Esta semana, neste dia 15, completei três anos que moro em Salvador e foram altos e baixos de uma morada que hoje considero tranquila. A visão que tinha de SSA era a mesma que milhares que têm daqui de só carnaval e os famosos pontos turísticos. Cheguei com aquele brilho no olhar de quem recomeça algo, recém-casada, mil e uma coisas novas.

               Enquanto se está numa de "olhar de turista", tudo te vislumbra muito. É muita energia positiva que parece te limpar por dentro de muitas coisas. A novidade pode inebriar tão rápido, foram muitas informações, trabalho e amigos novos.  E achar que aquilo te basta.
               Mas a vida vai tomando outros rumos e algumas coisas começam a não mais se encaixar. Não é só questão de sair da "zona de conforto", as situações te afetam demais e você fica , deveras, desnorteado. Você quer dar um restart em tudo, mas não pode, é claro. A cidade me enfadou. Às vezes, você transpõe suas dores em outros alicerces. Fiquei "de mal". Relacionamento azedou...
               Nem as belas paisagens me enchiam mais os olhos. Foi um bom tempo andando num grande labirinto de várias sensações, desagradáveis, maioria delas. 
               Contudo, como diz o ditado: não há mal que dure... E os bons ventos te encontram e aos poucos, o tempo e a boa ocupação vão te curando, boas pessoas que, com carinho, te mostram o caminho do sorriso e reencontro consigo próprio.
                A gente reaprende a apreciar o que estava de lado.
                O que te tirava dos eixos é o que te ajuda a recompor.
                Dia desses, eu ouvia "Reconvexo". A composição é de Caetano Veloso, mas foi a interpretação da irmã, a diva Maria Bethânia. Lembrei do meu tio Argemiro que sempre ouvia Mpb e naquele momento, senti um sentimento bonito e nostálgico, agradeci a Deus, não me entristeci. E percebi que a Roma Negra tem sido, sim um, bom lar.
                Tudo tem seu tempo. Há tempo para tudo mesmo. 
                Moro no bairro mais bonito que já vi, com cada pôr-do-sol mais lindo que o outro, eternizado por Vinicius de Moraes onde passar a tarde e falar de amor é o regalo mais belo.