sábado, 30 de setembro de 2017

Como nossos pais.

É incrível. A gente nem nota ou percebe. 
Mas estamos lá fazendo igual a eles. 
Tem quem lute para não ser ou fazer. 
Mas não adianta remar contra a maré. 
É o que você vai ser quando você crescer, já dizia a música. 

Você se torna exatamente  o que teve como base. 
Princípios, conselhos, direcionamentos,  exemplos. 
Alguns erros, é verdade. Mas com aquela conhecida e dita intenção de acertar. 

O querido e saudoso Içami Tiba falava:  não é o cromossomos que comanda,  mas sim o " comossomos". 
Às vezes, nem sempre é uma parte boa... Contudo,  está lá em nova roupagem a versão da influência. 




Agradeça aqueles que assim o fizeram por você, sendo referência, te trazendo alguma lição de alguma forma,  mesmo que seja do que não se deve repetir. Quando você se torna responsável pela vida de um ser,  queremos e devemos ser o melhor para ele, isso dá trabalho, porém é necessário e só será eficaz se assim for. 

Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais...
Será? Mas que temos muito deles, do que ouvimos falar deles ou coisas afins, temos. 


domingo, 9 de julho de 2017

Histórias da voca

          Ela parecia incansável. Todo dia. Ou quase. Ela estava nessa lida. Aquilo nem parecia obrigação, fazia transparecer divertido. Trazendo-lhe um certo orgulho do trabalho feito. E dizia:
         - Tá vendo como está lindo? Parece uma praia. Limpinho meu terreno... E quando a lua aparecer... Ah, vai ficar mais lindo de se ver ainda.

         Ela adorava varrer o quintal ou a área de seu sítio. Fazia aquele fogaréu de São João, pois antigamente ainda dava. E fazia isso na maior alegria e satisfação de admirar.
Mas aí escurecia. E cadê ela pra voltar pra casa? A gente chamava e ela respondia:
        - Já to indo...



           Mas que nada! Sempre demorava mais um pouco.
          Era como troféu ver o resultado final. E fez muita gente trabalhar com ela nessas empreitadas.
          Hoje,  minha vó nem pode mais fazer essas jornadas, devido idade avançada. Mas ainda diz: "ah se eu ainda pudesse...Tava na ativa!". Algumas pessoas da família pegaram este gosto dela. De cuidar da terra, das folhas e flores.

         Ainda bem posso ouvir com a clareza do agora ela falar, contemplativa :
       - Mas tá lindo,  liiiiindo meu quintal.


domingo, 28 de maio de 2017

Rasas piscinas

Vou faxinando a casa.
Mas é por dentro que estou bagunçada.
Devagar tudo vai ficando no lugar.
Minhas ideias em ordem ficam.
Ao seu tempo...

Os rumos da vida vão mudando. Novos objetivos e metas. Pensando renovando. Coisas novas querendo lugar. 

Assim são com as pessoas, mas deveria? 
Chega uma hora que elas não se encaixam ao seu lado. 
O que se fala pesa,  fere,  ofende. E o carisma que tanto unia, afasta, pois dá lugar à presunção. Você pensa: sempre foi assim? Nunca percebi? 

Se era amizade, por que ofender? Por que inferiorizar? 

Maltratar? Toca aquele sino que te avisa: não dá mais. Quem merece ser tratado assim? Há quem se vanglorie de escolher a grosseria como carro chefe no relacionamento com os outros. 




Aí é hora de seguir. Reciclar seu entorno. Parar e analisar se vale a pena,  dar uma chance ou não. E se ver que nada mudará, camarada, mude seu caminho. Ninguém é obrigado a ser apenas papel de válvula de escape de quem só te vê assim. 

Há pessoas como rasas piscinas, se você cair de cabeças nelas, já sabe no que vai dar depois.
Nem sempre nos percebemos disso, quando vemos, o estrago foi feito. Ainda sim, você pode muito bem sair dela. A vida é uma dinâmica infinita, as permutas irão acontecer. Faz parte dela fazer este upgrade.

Cultivar bons momentos com quem te quer bem, torce por você e te deseja o melhor é o que precisamos. E não de companhias que te puxem pra baixo. Se tiver pessoas assim com você,  cuide bem, são poucos com este coração. Esses sim,  valem a pena ter pra toda vida. 

sábado, 1 de abril de 2017

Precisamos falar sobre a hashtag

           Com o advento da internet, uma das inúmeras possibilidades, foi o encurtamento das distâncias, trazendo relacionamento de campo virtual, por meio das redes sociais, se comunicando com qualquer pessoa no mundo...

          As redes sociais abriram a porta pra uma nova vertente: a da superexposição. Mexendo com um lado, aparentemente, adormecido. Narcisista. Virou uma espécie de necessidade que acaba se tornando, muitas vezes, uma realidade expositiva perigosa. Além de ser uma enxurrada de situações de vergonha alheia.

          Ok, "a conta é sua e você posta o que quiser", mas será mesmo que somos obrigados a ver tantas fotos, desabafos contínuos e hashtags? É tanta gente vivendo #gratidão, sonhos todos realizados, felicidade plena e sabedoria adquirida para quem a quiser, por quem diz agora a deter. Tem que ter bastante tag, senão você não saberá se expressar seu momento vivido naquela hora. Não esquecer de encharcar de emojis também.
           Totalmente discrepante com a realidade. Oh, sim, porque no mundo virtual das redes sociais, o mar é de rosas, céu de brigadeiro e nuvens de algodão. Ambiente perfeito para dizer que sua vida é o máximo dos máximos. Maquiar uma vida vazia e sem graça.

            A busca é incessante por likes, fotos que de e
spontâneas nada tem, cheias de tantas #hashtags que mal dá pra ler até o final porque você já ficou tonto. É o que a autora Lara Brenner, explica sabiamente: " É provável que, em grande parte dos casos, a carência por curtidas e comentários espelhe aquela afetiva e dolorosa, uma autoestima arranhada, ou uma profunda necessidade de aceitação". 

            Autoafirmação a qualquer custo, a minha suposta felicidade tem que ser declarada. Disfarçar aquela desilusão na vida, com sorrisos artificiais e as frases de efeito que não podem faltar, roubadas, mas que te dão o ar de cult, cool, antenado, etc.
            Não entendam mal, não estou dizendo que não devamos postar foto ou falar algo que julgamos importante, mas sim a overdose destas. Nem querendo ser a voz da verdade. Contudo há de se desconfiar de quem é feliz demais nas redes sociais. Felicidade, reflexões e momentos pessoais não precisam ser expostas com a constância que se vê. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, já dizia minha vó.
            Os melhores momentos, sensações, conversas, risadas que vivemos e guardamos em nossas lembranças não clicados por recurso algum. Elas nos fazem bem porque  são tão-somente nossas e particulares. Nos arrancam sorrisos e alimentam nossa alma.





            

segunda-feira, 13 de março de 2017

Desassossego



Estamos à procura sempre de algo para preencher nosso eu. Às vezes, nem sabemos identificar muito bem o que é. Mas sentimos aquela necessidade interna.

Há algo incompleto. E começamos a procurar e procurar...

Se deparando com outras coisas que achamos que vai, enfim, suprir o que se quer. Porém, nem sempre o que brilha é ouro. Sendo só um paliativo.
Mas, chega uma hora que se descobre o que é isso. E que isso só se pode alcançar dentro de você, só depende de si mesmo.

Como a felicidade que muitos buscam nos outros, contudo ela tem que vir de si próprio.


É nessa hora que precisamos cursar um caminho e ter coragem para trilhá-lo. Conciliando, absorvendo e aprendendo com as experiências ao longo do percurso.

Percorrê-lo nos levará à paz, voltando-se ao que nos faz bem.

Acalmando o espírito e trazendo a compreensão de que certos fatos precisam levar o rumo que tomam. Devemos, algumas vezes, aceitá-los, nos mantendo de bem consigo mesmo, desafazendo-se assim aquele incômodo que nos traz aquele desassossego inicial.

E que ele nos é importante para levar a outros níveis, autoconhecimento e sabedoria.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Sorriso na chuva

Janeiro. Era noite. Meio da semana.
Chovia muito como era de costume em Belém.
Eu andava com certa pressa, pois ficava tarde e pensava de forma levemente aflita: "égua do toró que não dá trégua...".

A calça jeans comprida estava encharcada e a única sombrinha que usava não estava dando conta do aguaceiro... O frio estava presente.

Já me aproximando de casa, percebi que havia poucas pessoas na rua. O que me preocupou um pouco. Olhava para os lados e para trás, me certificando de quem estava perto. Naquela hora, poucos transeuntes, logo apertei o passo.




Vi que alguém se aproximava, vindo de encontro a mim.
Era de baixa estatura, notei que era uma senhorinha. Ela, então, levantou um pouco a sombrinha esverdeada e sorriu.

Aquele sorriso, não foi um sorriso acolhedor.
Que passasse calma naquela noite nada aconchegante.
Era esquisito e junto com o olhar que tornou o semblante daquela senhora macabro. Paralisei com o que vi. 

Não sabia como reagir direito, ela sorriu como se me conhecesse, como se conseguisse ler meus pensamentos. Achei que fosse uma conhecida, mas forcei a mente e nada me veio. Nunca tinha visto em minha vida. Apenas uma sensação estranha de que ela tão logo falaria umas palavras mágicas e me transformaria em algo horrendo.

Dei um sorriso a ela que não disfarçou meu espanto. Ficou latente que eu fiquei desconfortável. Não sei se ela percebeu, segui andando, sem olhar pra trás ou se ela estava a me olhar ainda...

Só sei que aquela chuva trouxe um momento bem bizarro que não esquecerei.