domingo, 9 de julho de 2017

Histórias da voca

          Ela parecia incansável. Todo dia. Ou quase. Ela estava nessa lida. Aquilo nem parecia obrigação, fazia transparecer divertido. Trazendo-lhe um certo orgulho do trabalho feito. E dizia:
         - Tá vendo como está lindo? Parece uma praia. Limpinho meu terreno... E quando a lua aparecer... Ah, vai ficar mais lindo de se ver ainda.

         Ela adorava varrer o quintal ou a área de seu sítio. Fazia aquele fogaréu de São João, pois antigamente ainda dava. E fazia isso na maior alegria e satisfação de admirar.
Mas aí escurecia. E cadê ela pra voltar pra casa? A gente chamava e ela respondia:
        - Já to indo...



           Mas que nada! Sempre demorava mais um pouco.
          Era como troféu ver o resultado final. E fez muita gente trabalhar com ela nessas empreitadas.
          Hoje,  minha vó nem pode mais fazer essas jornadas, devido idade avançada. Mas ainda diz: "ah se eu ainda pudesse...Tava na ativa!". Algumas pessoas da família pegaram este gosto dela. De cuidar da terra, das folhas e flores.

         Ainda bem posso ouvir com a clareza do agora ela falar, contemplativa :
       - Mas tá lindo,  liiiiindo meu quintal.