quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Sorriso na chuva

Janeiro. Era noite. Meio da semana.
Chovia muito como era de costume em Belém.
Eu andava com certa pressa, pois ficava tarde e pensava de forma levemente aflita: "égua do toró que não dá trégua...".

A calça jeans comprida estava encharcada e a única sombrinha que usava não estava dando conta do aguaceiro... O frio estava presente.

Já me aproximando de casa, percebi que havia poucas pessoas na rua. O que me preocupou um pouco. Olhava para os lados e para trás, me certificando de quem estava perto. Naquela hora, poucos transeuntes, logo apertei o passo.




Vi que alguém se aproximava, vindo de encontro a mim.
Era de baixa estatura, notei que era uma senhorinha. Ela, então, levantou um pouco a sombrinha esverdeada e sorriu.

Aquele sorriso, não foi um sorriso acolhedor.
Que passasse calma naquela noite nada aconchegante.
Era esquisito e junto com o olhar que tornou o semblante daquela senhora macabro. Paralisei com o que vi. 

Não sabia como reagir direito, ela sorriu como se me conhecesse, como se conseguisse ler meus pensamentos. Achei que fosse uma conhecida, mas forcei a mente e nada me veio. Nunca tinha visto em minha vida. Apenas uma sensação estranha de que ela tão logo falaria umas palavras mágicas e me transformaria em algo horrendo.

Dei um sorriso a ela que não disfarçou meu espanto. Ficou latente que eu fiquei desconfortável. Não sei se ela percebeu, segui andando, sem olhar pra trás ou se ela estava a me olhar ainda...

Só sei que aquela chuva trouxe um momento bem bizarro que não esquecerei.