sábado, 14 de maio de 2016

Flores de maio

              Todos os dias passo por um mesmo caminho que não é tão bonito assim, mas que tem algo nele que gosto muito.
              Algo que me faz lembrar de algo meio remoto de minha infância e de minha mãe.
               Flores.
               Hibiscos - que  eu achavam ser papoulas porque me disseram que era esse o nome.


               Quando ando vejo essas flores de vários tons.
               Amarelos, rosas, vermelhos...
               E, toda vez, a vontade que tenho de colher é igual quando eu era criança.
               Todos os dias, elas estão lá, belas e abertas em sua simplicidade que traz a gostosa sensação familiar de já conhecê-las.
                Lembro que havia um galho de hibiscos rosas que caíam pro nosso lado do muro e que eu aguardava, ansiosamente, para colher.
               Minha mãe sempre reclamava para eu não fazer isso, mas eu não resistia, elas me chamavam para serem colhidas. Daí eu fazia um ramalhete ou num recipiente com água.
              Depois de um tempo, tínhamos nosso próprio "pé de hibiscos". Vermelhos. E eu continuei recolhendo-os e sempre saía pulando, tirando umas formigas de mim, que davam muito nele. Era o ônus a se pagar.
               Ficava triste quando alguém dizia que elas não eram bonitas como rosas. Pra mim, isso nunca importou.
               Na casa da minha avó também tinha e quando ia por lá, acabava pegando alguma também.
              
               Hoje, sinto uma terna sensação em ver todos os dias tantas delas, como me cumprimentando, num aceno mudo. Eu ainda escuto a voz de minha mãe ao vê-las e até me emociono.

             E, sim, ainda carrego uma e outra delas para mim.