segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Chuva de lembranças


De acordo com o calendário, estamos vivendo, aqui no NE, o inverno. É claro que as esperadas chuvas não são torrenciais, mas como lugar litorâneo que é Salvador, elas caem valendo.
O friozinho faz sua presença e basta cair um pouquinho mais a temperatura que todo mundo saca do seu guarda-roupa aquela blusa de manga, jaqueta e roupas afins para se proteger do ventinho gélido que bate. Seja de noite ou de dia...
Como boa paraense que sou, não vejo muita necessidade de tais aparatos. Acho até gostoso a temperatura mais baixa que, nesta terra baiana, é momento raro. Porém, é normal por aqui andar mais agasalhado, mesmo se for meio-dia.
Até aí, tudo bem.
A gente vai vendo, observando, pensando e repensando. Analisando... E, comparando - sim, porque é inevitável se você é um local e vai morar em outro.
Assim como, é inevitável não lembrar do rigoroso e característico inverno amazônico que, particularmente, gosto muito. 
E vamos ao famoso: quem nunca...
Catou uma manga caída depois daquele toró pai d'égua?
Falou: lá vem ela! Quando o temporal vem se aproximando?
Tomou aquele banho de chuva, dando pulinhos e gritinhos de alegria?
Passou aquela tarde inteira dormindo, deliberadamente?
Quis tomar um tacacá caprichado depois dela ter passado?
Pensou em pipoca, cobertor e filminho?
Nem se mexeu na cama com medo dos raios clareando o quarto?

Gosto muito do termo que minha prima usa: " ficou Mordor", fazendo alusão ao Senhor dos Anéis, quando ela fecha o tempo.

Enfim, tudo isso e tantas outras ações num dia chuva adoramos fazer.
Eu, de imediato, lembro do meu pai, feliz da vida, caindo na chuva e soltando um "uhuuuuuuuuuuu", ao entrar nela e ajeitar o quintal... De estar no antigo sítio da família (o nosso lendário Bacabal), e ver o tio Zé indo para debaixo dela, sem medo de ser feliz, com relâmpagos ou não. Ou de ir ao Ver- O - Peso, no comércio, fazer as famosas compras escolares no começo do ano com minha mãe ao lado e procurar acolhida nas lojas, esperando o aguaceiro passar.
Mas, o que eu realmente gostava, era andar pelo quintal na minha casa que tinha tantos "pés de planta", depois daquela chuvada bonita, ao fim da tarde.
Aquela terra molhada, plantas ensopadas, ar geladinho...
Lembro perfeitamente da sensação das caminhadas que eu sempre fazia, mesmo que tivesse ainda chuviscando de leve.

Voltando do trabalho, estes dias, chuva caindo e os pensamentos vão de encontro às boas lembranças que tenho na vida. E só espero um dia curtir os dias de chuva da janela da minha terra, Belém querida.


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