Foi na primeira série do Ensino fundamental que conheci
aquela que seria,foi e, ainda deve ser, uma das professoras mais legais do
mundo.
Naquela época não tinha internet, não tinha celular, as brincadeiras
eram de se sujar, correr, de pique ou de “pira” (como se dizia na minha terra).
E a gente se divertia à beça naquele tempinho do recreio. Mas voltando ao
início, a professora Alice, lembro dela até hoje, também tinha sido professora
da minha turma na 2ª série e isso contribuiu muito para que todos na
classe ficassem bem afeiçoados a ela. Era alta de pele morena e cabelo
crespos, era linda. Explicava com a paciência de um anjo e repreendia com a
avidez de um carcereiro, mas nada impedia que eu gostasse dela, aprendi muito
com aquela professora.
Lembro que ainda na primeira série, eu, garotinho bobo que
mal sabia atravessar a rua sozinho, certo dia estava fazendo uma prova na sala
de aula, cuja matéria nem me lembro, mas eu estava indo bem (na minha opinião). Parecia que eu estava acertando tudo e fiquei contente com a minha expectativa.
Quando terminei a prova, eu simplesmente saí da sala e sem que ninguém notasse,
pois estavam todos concentrados em suas provas e a professora estava com o
olhar abaixado, estava lendo alguma coisa, uma prova de outro aluno talvez,
ninguém notou que eu estava saindo com a prova que acabara de fazer, em minhas
mãos, achando que, sei lá, a nota apareceria como que por mágica ou
automaticamente, durante o percurso de volta pra casa, estava ansioso para
mostrar pra minha mãe que eu tinha ido bem na prova ( muito bem, modéstia à
parte). Mas quando cheguei em casa, todo contente, fui logo ao encontro de
minha mãe e disse:
- Olha aí mãe, será que eu tirei dez? – Com aquele
sorrisinho de garoto que vai ganhar estrelinha na testa.
- Meu filho! Tá sem nota isso daqui, tu não entregaste pra
professora corrigir não?
- Não, tem que entregar?
- Claro! Vamos voltar lá agora!
Ah! Tinha que relevar né, era tipo a minha primeira prova de
verdade, eu estava na primeira série. Na alfabetização que chamavam de “pré”
era tudo menos sério, não tinha provas assim. Era um mundo novo que eu ainda
estava descobrindo.
Chegamos de volta à escola, eu e minha mãe, encontramos
com a professora Alice meio que na porta da escola. Mamãe tratou logo de explicar
que eu havia levado a prova “sem querer” e entregou a ela a prova, sem maiores
problemas. Claro que à essa altura a professora já tinha notado que eu havia
sumido e minha prova também, o que explicava o fato de a termos encontrado
próximo a porta da escola. Eu dei um sorrisinho sem graça para a professora,
estava um pouco envergonhado por ter sido tão bobo. Voltamos pra casa e a vida
continuou. Eu era um ótimo aluno naquela época, posso afirmar que isso se dava
em grande parte à minha inteligência (é claro) e aquela professora que eu nunca
esqueci.
Edinei Lisboa da Silva, Sargento da Aeronáutica, Especialista em Metalurgia. Autor do livro Poesia, prosa e
canção, publicado pela Chiado Editora. Escreve no Blog do Argonauta,
um pouco da própria vida e da vida em si. É meu poeta favorito e meu querido marido.
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